autenticidade: todo mundo fala, ninguém te explicou o que é.
o glossário de palavras que embelezam ideias vazias - 1ª edição
para ver as coisas de outra forma.
“entre linhas e essências” é um lugar para refletir sobre o que você cria, vive e vende — pegue um café e fique o tempo que precisar.
sobre o que vamos refletir hoje:
autenticidade perdeu seu significado?
o conforto dos padrões e a ilusão de controle
o paradoxo: liberdade ou fórmula?
ser autêntico é sobre se destacar ou se pertencer?
autenticidade.
Uma palavra que, nos últimos tempos, tem se espalhado como um mantra. No marketing, no branding, nos scripts de vendas. Mas quanto mais a repetimos, mais ela perde a densidade do que um dia foi.
Virou elogio, estratégia, promessa. Mas o que restou de sua essência?
A ironia é quase cômica: um conceito que se fortaleceu como contracultura agora se dobra ao ciclo de rótulos genéricos. Ascendeu como um rompimento — um movimento contra a previsibilidade, contra o marketing ensaiado, contra a necessidade de se encaixar. Mas seguiu o mesmo destino de tantas outras palavras bonitas.
Quem se lembra da “humanização”? Quando marcas correram para soar próximas, acessíveis, humanas — trocando logotipos por rostos, enchendo legendas de emojis, adotando um tom descontraído sem considerar se era isso que sua audiência queria — até que tudo soou ensaiado demais.
E quando tudo soa ensaiado demais para ser real, o que nos resta? O conforto do que já conhecemos. A previsibilidade acalma. Buscar um padrão é mais simples. Nos dá direção, segurança, a ilusão de controle. Protege do erro.
e assim, vamos nos tornando ecos uns dos outros.
O mesmo tom de voz, o mesmo estilo de vídeo, a mesma promessa, a mesma história contada com palavras ligeiramente diferentes. A autenticidade foi a resposta à previsibilidade, mas sua própria popularização a tornou vazia.
E é aqui que o paradoxo surge: buscamos autenticidade como um antídoto para a repetição, mas no processo, a transformamos em mais uma fórmula a ser seguida.
O problema se intensifica quando começamos a ver a autenticidade como uma estética. Como se, para ser autêntico, fosse preciso ser extravagante, marcante, ou fora da curva. Como se autenticidade fosse algo que se veste, um tom de voz escolhido, um estilo cuidadosamente elaborado e não uma expressão do que, de fato, já somos.
Autenticidade pode ser marcante. Pode ser disruptiva. Mas e se ela for discreta? Silenciosa? Deixaria de ser o que é?
Se a autenticidade estiver mais no que se mantém do que no que se transforma? Se autenticidade for, na verdade, sobre permanecer fiel a si mesmo — mesmo que isso não pareça revolucionário aos olhos dos outros?
porque não é sobre o quanto você se destaca, mas sobre o quanto você se pertence.
Ser autêntico não é sobre chamar atenção. É sobre se reconhecer no que faz. Não é sobre ser diferente. É sobre ser inteiro.
E, no fim, é essa inteireza que nos torna únicos.
Talvez nunca seja sobre reinventar-se para caber em um molde novo, mas sobre despojar-se do que nunca foi seu. Sobre despir-se do excesso, desfazer-se das camadas impostas e encontrar, sob tudo isso, o que sempre esteve ali.
Ser autêntico não é um caminho de criação. É um caminho de retorno.
um convite para quem quer crescer sem perder a essência:
“entre linhas e essências” foi criada para quem quer construir marcas, negócios e vidas com intencionalidade.
aqui falo sobre autodescoberta, expressão pessoal e como podemos alinhar isso ao nosso trabalho utilizando ferramentas do branding — quando necessário.
espero te ver aqui de novo!
Amei seu texto!! É sobre tirar o que não é nosso ao ponto de restar o que somos (e sempre fomos), né?
Amei o texto e o tema... me colocava no mercado do mkt digital com a bandeira da autenticidade... e de repente... virou lugar tão comum que perdeu aquele sentido original da palavra... uma pena... mas como você bem disse... aconteceu com a palavra "humanização" e deve acontecer com tantas outras palavras... Enfim! Bom te conhecer por aqui...